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  • Foto do escritorJuliana da Paz

1, 2, 3 ...



Entregar-me ao tempo

Esperar o tempo

Este que em minha vida

Nunca teve vez

De quem sempre corri atrás

Sempre mais...

Mais rápido que ele

Sempre atrás

Do que ele leva

Do que ele faz

Entregar-me ao tempo

A quem sou sujeita

Por quem fui feita

Muitos contratempos

Nunca um camarada

Sempre adversário

Enfrentamentos diários

Neles fui lapidada

Quando muito apressada

Contei: 1, 2, 3.

Nunca até 10

Agora até 100

Até sem motivo

Até sem vontade

Até por coragem

Até 100

Até mais que isso

Na pressa, um sumiço

Entregar-me ao tempo

A quem sou sujeita

Por quem fui feita

Que tem me feito bem

Não quero controle

Tampouco tê-lo, tempo.

Toma conta de mim, tempo

Toma conta de mim

Em hora certa, a contento

Tudo terá começo

Terá tudo seu fim

Insistindo em ganhar

Tenho perdido tempo

Isso é virtude ou defeito?

Pois por mim nunca feito

Desafiado, atravessado

Segue, maculado

Não se importa com manchas

Tudo que faço

Sem esperar o tempo

O tempo vem e desmancha

Fiz esse poema sem tempo

Sem medo de parecer ridícula

Sem medo de assumir as culpas

Fiz hora ao respirar palavras

Que virão a seu tempo

Fazer sentido aqui dentro

Do meu peito

Precisando de tempo

Para ser refeito

Para isso é preciso coragem

Ninguém sabe as viagens

Que o tempo elabora

E por isso controlo

Nessa vontade moro

De fazer e ter o que quero

Mas fazendo triagem

Do meu caminho agora

Vejo sem vertigem:

O tempo não é personagem

É narrador da história.


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