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  • Foto do escritorJuliana da Paz

ÚLTIMA CARTA DO JOGO

- Digaí!

- Pra que uma palavra tão pequena?

- Tudo começa assim, não é? Conhecem-se... Envolvem-se e FIM. Pequeno. Tudo, antes de ser, é tão pequeno. Uma criança, uma planta, uma conversa, tudo antes de ser, é nada. Daí vem a multiplicação de qualquer coisa, duma coisa pequena que expande, que explode!

- Curioso você falando em multiplicar eu estava aqui pensando em outra coisa: Quando precisamos dividir o amor, como se faz?

- Nos distanciamos sem fim! Você já notou?

- O quê?

- Quanto mais nos distanciamos de um objeto, menor ele fica

- Você quer dizer que tudo que precisamos fazer é nos distanciarmos do objeto que representa o amor? Ou melhor, da pessoa, corpo físico? Será que basta?

- Quase sempre resolve. Vamos usar um exemplo clichê das estrelas. Nós as vemos, sabemos que estão lá. Que são imensas, mas a distância entre nós e elas as deixa pequenas... Mesmo sendo lindas. Abandonamos sua presença durante o dia sem a menor dor.

- Sobre a dor, fale por você. Mas entendo. Se nos afastamos da pessoa continente de nosso amor dedicado, a distância diminui o amor. Ou, voltando ao exemplo das estrelas, talvez só estejamos vendo uma luz que nem existe mais. Mas esse sentimento está em nós ou em outra pessoa?

-Que importa? A distância afasta tanto uma quanto a outra.

- É exatamente sobre o que importa que pergunto. O que importa é o que cultivamos em nós. E o que em nós está, conosco andará, não importa a distância

- Nossa! Você vai se frustrar para sempre!

- Frustração honesta, será a minha!

- Como naquela carta?

- Que importa?

- Custa responder?

- Por que? Eu não lembro mais o que escrevi naquela carta. Eu não sei bem lhe responder se era tudo real frustração minha, ou se era você mesmo em descrição pelo ângulo que lhe via. Ela, agora, é só mais uma estrela!

- Eu ainda lembro. De quase todas as palavras. Foram bem fortes. Eu ainda tenho a carta.

- Sério? Achei que a distância tinha feito você esquecer e jogar tudo fora.

- Não fode! Não disse que ainda amo você. Disse que guardei um texto forte sobre mim. Talvez seja o que ainda brilha dessa estrela.

- Deixe eu ver a carta de novo

- Vou ler pra você!

Eu queria gritar BABACAAAAA!!!!! Assim, com todas as letras, mas eu tô cansada! Muito cansada. Eu não quero ser mal educada e falar VÁ SE FODEEEEERRRRR, SEU MERDA! Pois não quero fazer uma carta assim inflamada, dessas que precisam antibiótico para sarar queimadura que vai deixar. Meus olhos vermelhos lhe berrariam EGOÍSTAAAAA QUE SÓ OLHA PRO PRÓPRIO UMBIGOOOOOO!!!! Mas não sou eu! Não que não seja você, não que não seja eu, não que não seja. É. Tô puta com cada vez que eu já tive vontade de escrever em caixa alta VOCÊ ESTÁ ENLOUQUECENDO COM ESSA PORRA DE DEFESA SEM FIM AO QUE EU DIGOOOOOO!!!! EU NÃO ESTOU ZOANDO VOCÊ!!!! VOCÊ É UM DOIDO VARRIDO VESTIDO NUMA ARMADURA DE MAL HUMOR DO CARALHOOOOO!!!! VÁ SE TRATAR! PSICOTERAPIA, SEXOTERAPIA, AROMOTERAPIA, LITERATERAPIA, AUTOANÁLISE, GRUPO DE AJUDA, AA, ESPORTERAPIA DÁ PRA ESCOLHEERRRR!!!! É. Eu tô puta da vida com essa minha vontade que eu reprimo. Segurando a boca da leoa, eu reprimo o VÁ TOMAR NO SEU CÚ SEU GROSSEIROOOO. VEJA QUE VOCÊ ESTÁ MAGOANDO QUEM TE AMA QUANDO DÁ UMA RESPOSTA DESSAS PORQUE PENSA QUE ELA ESTÁ QUERENDO SER MAIS QUE VOCÊ. ELA TÁ SÓ TRATANDO VOCÊ DE IGUAL PRA IGUAL, POIS ACHA VOCÊ MUITO DAHORA, mas eu nem sei mais o que eu acho. Acho que fiquei tonta de tanto prender as palavras que eu queria dizer, mas não digo com cuidado pra não magoar você. Com medo de fechar para sempre as portas, com medo de o mundo dar voltas e nessas eu ter de enfrentar tanta raiva que despejei em você, pois, quem sabe já teria me arrependido, mas quem sabe olharia no seu olho fumegante e gritaria sem letras EU SENTI TUDO DE VERDADEEEE!!!!

Eu agora me chamo Alívio Sinto Muito. Eu queria ficar de boas, mas acho que acabei de deixar só escombros aqui. O que eu queria sempre deu errado mesmo, ao menos com você, é erro atrás de erro, RSRSRSRSRSRSRSRSR. Viu? Eu queria rir, Rir, Rir, RIR, RIIIIIR!!!!!! E não entristecer com seu mal humor, não me sentir golpeada do nada, como um desenho animado, eu queria sair ilesa daqui, mas eu sinto vontade de fazer você saber: CADA VEZ QUE VOCÊ VEM COM RESPOSTAS GROSSEIRAS SEM EU TER LHE BATIDO (FIGURADAMENTE), PARECE QUE A PORRA DA BIGORNA CAIU NA MINHA CABEÇA SEM EU ESPERAAAARRR!!!! Eu sinto vontade de suplicar PAAAAARAAAAAA COM ISSOOOO! PAAAASSSSSAAAAAA! Mas a minha esperança de sair dessa história como uma pessoa civilizada e legal me impede. E eu tenho vontade de matar a esperança a golpes de peixeira, mas ela é peixe que nada bem, mas depois disso nada faz, além de existir. EU queria era fechar as portas da casa com ela dentro e tacar FOGOOOOOO, mas ela está dentro de mim. SE O CHORO CHEGAR... VAMOS LEMBRAR DAS TERAPIAS.

09 de nov. de 09

- Era mais um intento. Era o intento final de ser feliz! E a felicidade se achou como cédula perdida dentro do bolso, como óculos esquecido na testa, como coragem aceita de ser só! Eu estava tentando ser feliz! Só... Fiz até uns versinhos sobre isso depois.


 Ela, solta
 solta os nós.
 són muy bellos
 os teus sons
acompanhada ou a sós

– Do que estamos falando?

– Eu estou falando disso: Estamos aqui há dias. Faz quase um mês que vamos dormir às três da madrugada falando da vida, sobre nossa forma de se relacionar, tentando esclarecer porque ainda sentimos essa sede. Pra que procurar respostas, por que não deixar essa vontade morrer a míngua?

- Tentando nos reencontrar... Mas por que estamos nos vendo de novo?

- Digaí!

- Eu te amo! Te amo tanto que não quero ficar com você. Eu não sei o que é. Acho melhor não continuar. Não te envolver nisso.

- Eu também não sei. E é isso que me incomoda. Melhor coisa é quando a gente ama e sabe o porquê.

- Como assim?

- Eu amo minha mãe porque ela é digna, guerreira, libertária, inteligente. Ela me fascina! Eu não amo minha mãe porque ela é minha mãe. Você, eu amo e ponto. Nada mais. Ponto! De interrogação! Era um silêncio... nenhuma mensagem. Dois dias. Três meses. A angústia. A força pra desistir. Ir embora não é mais fácil que ficar. O sol era mais quente. O peso da sacola era maior. O cigarro não durava, porque o fim não terminava. Em retornos e loopings como este de agora, esse déjà vu eterno. Eu quero que acabe.

- Mas será pra sempre! Na verdade, não sinto vontade de esquecer.

- Eu também. Infelizmente sei que é disso que isso é feito. Sei que será pra sempre essa lembrança amarga do não saber. Do SE. E não sei se se trata de covardia ou aceitação.

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